Estava a falar com um amigo sobre a nossa insatisfação pelo facto de o mestrado não nos ter aberto as portas que desejávamos (pondo de parte o facto de serem portas quase totalmente fechadas a cadeado em Portugal). E durante essa conversa comecei a pensar que se calhar a insatisfação se devia ao facto de estar a encarar aquela experiência da forma errada. Porquê olhar para uma tese como uma forma de atingir determinado sucesso que me permita desenvolver uma carreira, e não olhar como uma tese, que gostei de escrever, que foi uma investigação interessante e com a qual aprendi?
E a conversa seguiu por aí, comigo a pensar que se calhar temos estado a encarar a vida da forma errada o tempo todo. Nós somos amigos de alguém e apoiamos essa pessoa em momentos difíceis, não porque simplesmente gostamos dessa pessoa e queremos apoiá-la, mas porque temos também a esperança que ela nos retribua e nos apoie quando precisarmos. Ou seja, há sempre a ideia de uma retribuição, de uma compensação.
Não sei se foi num filme ou num livro, mas algures vi alguém que dizia que gostava de ensinar o filho a fazer o bem “for the good’s sake”. Porque na verdade não é isso que nos gui diariamente a fazer o bem. Por muito que exista bondade e rectidão dentro de nós, há muito que não fazemos por medo das consequências, de ser apanhados. E não me parece que isso seja o que verdadeiramente nos deveria motivar. Deveríamos fazer, ou não fazer, simplesmente porque sim, porque isso é o correcto. Não seria essa a melhor forme de encarar tudo na vida? Sermos amigos de alguém porque sim, porque isso é um gesto nobre. Fazermos uma tese porque sim, porque vamos aprender. Fazer o bem, porque o bem é melhor que o mal. Claro que isso nos pode deixar mais desamparados, e com certeza corremos mais riscos de sofrer. Mas não seria, no mínimo, uma visão mais bonita da vida?
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